“O sol é a expressão da sabedoria, a luz que orienta, que nos faz Ver. O Sol foi o primeiro guru do Yoga, pois nos primórdios do Yoga, os hinos védicos clamavam ao sol inspiração e compreensão. Por isto, chamamos Yoga Solar, a origem desta prática que se alastrou pelo mundo, que se popularizou pelos Ásanas (posturas), mas cujo fundamento e meta é a iluminação.
A luz do sol é ilimitada, seus raios possuem longo alcance em sua expansão. A consciência superior é como este sol, ilimitado.
Imagine o sol colocado numa caixa. Fica confinado. Assim acontece com a nossa consciência comum, cuja origem é espiritual, vem do universo, e se confina ao veículo físico. Na meditação o sol da sabedoria que guardamos em nosso interior sai da caixa da mente confinada aos sentidos e volta a expandir a sua luz. A mente fica livre para retornar ao estado da consciência cósmica”.
“Nossa mente emite círculos de energia que formam elos que tecem a trama de nossas vidas. Estes elos, ou nos acorrentam a vibrações negativas, onde somos envolvidos por círculos de baixa frequência, ou formam elos com energias mais sutis que nos colocam em sintonia com a consciência superior. No dia a dia, a consciência está sujeita a condicionamentos negativos de origem externa (social, cultural, familiar, etc.) ou interna (padrões inconscientes). Na meditação temos a chance de elevar a frequência dos pensamentos e nos sentirmos livres para entrar em comunhão com a consciência cósmica, pois a mente pode viajar pelo universo, enquanto o corpo permanece na postura extática da meditação. A expansão das ondas mentais nos traz a revelação de uma dimensão mais ampla da existência, dos reinos superiores, onde resplandece a luz da sabedoria divina e assim temos acesso ao sentido profundo e pleno de nossas vidas, que está muito além de um corpo e uma mente.”
“A mente possui vários planos. Nossa consciência comum está muito envolvida com o plano da superfície. Existe o plano da consciência humana e divina. No plano da consciência humana, não temos clareza e lucidez. Muitas vezes os pensamentos ficam confusos e obscurecidos. Não conseguimos perceber a vida em sua amplitude e unidade, ficamos reduzidos a uma visão periférica, onde a existência é cercada de mistérios, de perguntas não respondidas. No processo da meditação, se conseguirmos ir além do plano periférico, avançamos na percepção comum e podemos acessar o plano da consciência divina. De repente nosso ser é tomado de leveza e paz, pois neste plano reina a luz da sabedoria e do amor que nos faz sentir num mundo de harmonia. No plano divino impera a unidade e a perfeição. As mandalas cósmicas representam este equilíbrio, esta simetria do universo. Ao nos conectar com a mandala, nossa mente é envolvida pela harmonia cósmica. Mas para alcançar esta sintonia precisamos de ter desapego em relação aos aspectos mais densos do nosso ser, para subir os degraus da consciência e lá encontrar a divina e amada presença, a luz do nosso mestre interior”.
“Meditar é como frequentar a escola da sabedoria, onde aprendemos a educar a mente. Os pensamentos e sentimentos precisam ser disciplinados para que possam ser conduzidos a uma atmosfera de equilíbrio e lucidez. A dispersão da mente no dia a dia, nos leva a envolvimentos muitas vezes conflituosos, desequilibrados, angustiados, ansiosos, ou excitados. Poucos são os momentos em que a mente está em paz.
No processo da meditação, os pensamentos alcançam o equilíbrio de raciocínio e você pode ver a si mesmo e o mundo com mais lucidez. Então, a meditação é uma maneira de trazer a revisão de conceitos e padrões pré-estabelecidos.
Somos regidos por nossas ideias. Essas ideias muitas vezes não nos revelam a realidade mais ampla de nossa existência, como um todo. Pelo contrário, nossa visão costuma ser parcial e fragmentada, limitada pelo ego. E essa visão parcial é projetada para a perspectiva universal. Desta forma, queremos que o mundo seja como imaginamos e não com ele realmente é. Para expandir as fronteiras da mente, precisamos de nos abrir internamente e permitir que uma nova perspectiva ilumine nossa visão.
A flexibilidade de raciocínio e abertura interna permitem que os pensamentos sejam corrigidos e as ideias e expectativas falsas sejam retificadas. A firmeza para disciplinar a mente, associada ao movimento de abertura interna podem nos trazer a clareza necessária para melhorar nossos relacionamentos, nossa qualidade de vida, porque uma das maiores dificuldades dos relacionamentos é a falta de respeito, de empatia, de predisposição pacífica para promover o entendimento e compreensão. Desta forma, a meditação não é só um momento de abstração das coisas do mundo, mas instrumento de reeducação do ser de maneira a proporcionar a renovação necessária para nos tornarmos pessoas melhores.”
“Através do desenvolvimento da consciência percebemos o que não é bom para a gente. Podemos então decidir o que queremos. Ver o caminho, a direção. Podemos decidir mudar, em vez de repetir velhos impulsos. Isto não quer dizer reprimir, esconder de si mesmo, fingir que não existe aquilo que espera uma brecha da consciência desatenta, para se manifestar. Mas olhar para o ego, conhecê-lo, estudá-lo. Observar a mente, de onde surgem os pensamentos, para onde vão, porque surgem. Assim o Eu Observador pode dar outra direção ao fluxo inconsciente, difuso, incoerente dos pensamentos. Perceber que nós criamos as impressões, os registros que vão formular crenças e visões de mundo, muitas vezes distorcidas pela fantasia, por todos aqueles elementos que estruturam e alimentam o ego: orgulho, vaidade, medo etc. Elementos estes que contaminam a essência. Até que um dia, através da renovação interior, a luz do Eu divino surja para trazer mais vida a essência, devolver a pureza e através, da integração, ensinar os caminhos da sabedoria.”
Adriana Braga de Oliveira